Esta Máscara,
Que anda de rosto em rosto,
Face em face,
Mais antiga que o tudo,
Eis ela sobre nossos olhos,
Lábios, pele, voz, ação,
Atos, toques, desejos, sensações,
Gritos, Amor e Dor,
Eis ela ante nós,
Entre nós e o real de nós,
Eis ela,
Invisível e pérfida,
Desgastando nossos corpos,
Como um ar maldito,
Exalado e respirado,
A todo instante,
Eis ela,
Em água em sangue,
Em veneno e mel,
Isentando o cerne,
Eis ela nos jardins,
Nas noites e dias,
Nas mãos e asas,
Eis ela,
Adorno fincado em nós,
A tal forma,
De espelhar somente o reflexo,
De seus desejos,
Eis ela tão verossímil,
Em pleno drama,
Eis ela em nós,
Nós nela,
Eis a persona,
Teatro do mundo,
Peças e farsas,
Nossas Máscaras,
Sem vida própria,
Ornatos Sociais,
Um ingênuo colar falso,
Um artificial corpo,
E um dia – se quebra... e nos destroça...
Nosso rosto é um quadro em branco... e não sabemos...
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